A campanha Setembro Amarelo teve início em 2015 no Brasil, o mês foi escolhido por causa do dia (10) Mundial da Prevenção ao Suicídio. Foi uma iniciativa do Centro de Valorização da Vida (CVV), do Conselho Federal de Medicina (CFM) e da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).
Existe prevenção em mais de 90% dos casos, de acordo com a Organização Mundial da Saúde. Em média, são 32 brasileiros mortos por dia. Número esse que pode ser reduzido, mas de que forma fazer isso?
De acordo com o psicólogo João Marcos, especialista em Terapia Comportamental Cognitiva pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, quando se estabelece um mês para falar sobre o assunto há um estimulo para que as pessoas se sintam mais à vontade para tocar nesse tema tão difícil. “Setembro Amarelo é uma oportunidade para falar sobre o que estamos sentindo, não necessariamente é falar apenas da morte e do suicídio, mas também de todo o sofrimento que sente”, comenta o psicólogo.
Para João Marcos, ouvir as pessoas também é uma forma de prevenção, discutir sobre a morte ainda é tabu. “Precisamos falar sobre isso. Trazer para o centro da discussão para que a prevenção chegue a mais pessoas. Falar sobre suicídio não fará surgir novos caso, mas ajudará nos 90% dos casos que podem ser prevenidos. Quando há essa disposição para ouvir o outro há, também, um maior contato e a pessoa ouvida de certa forma se alivia um pouco daquele sofrimento” diz o psicólogo.
Ainda de acordo com João, a pessoa procura por um profissional quando o problema já existe. “Os pacientes buscam tratamento quando já há prejuízo. Nesse caso, não tem como trabalhar a prevenção, mas melhorar o sintoma”, explica.
João Marcos elucida o que se faz quando o paciente com quadro suicida chega ao consultório:
- 1º: avaliação do risco;
- 2º: acionar a família. É necessário definir qual a rede que vai dar suporte, essa rede precisa ser da confiança do paciente. Pessoas que o escutarão num momento de necessidade;
- 3º: o que o profissional pode construir com a rede de apoio do paciente.
- É um trabalho em equipe, do profissional com a família e amigos, há uma troca entre eles para ver a evolução do paciente e tentar alternativas para melhorar a atual situação dele. Apenas em extrema gravidade é recomendado uma internação.
“Ao atingir esse estágio de sofrimento, quando a pessoa pensa que a única solução é a morte, ela deixa de sentir vontade e prazer em coisas básicas como escovar os dentes e tomar banho. Ao reparar nesses detalhes pergunte a pessoa como ela está, se ofereça a ouvir e a procurar por uma ajuda”, recomenda o psicólogo.
Dentre as táticas utilizadas no tratamento, João Marcos explica que estimular o autocuidado ajuda muito. “É fazer a pessoa voltar a ter vontade de fazer as coisas. De cuidar de si mesmo. Fazer exercícios, estar com pessoas, continuar com psicólogo, assumir compromissos diários de pentear o cabelo, escovar os dentes e tomar banho”, conclui João Marcos.
As pessoas precisam serem ouvidas e para isso o Centro de Valorização da Vida (CVV) criou uma rede de apoio emocional e de prevenção do suicídio, a ligação é gratuita e oferece total sigilo, basta ligar no número: 188.
*João Marcos Almeida Santos de Oliveira – Especialista em Terapia Comportamental Cognitiva pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
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